Seriam umas 19h30 quando cheguei a Colónia, ainda sob um belo sol de Verão. A estação central fica, justamente, no centro da cidade e foi num piscar de olhos que deixei o grosso da bagagem num cofre automático (inevitavelmente, la deixei também o grosso dos 5 euros que tinha na carteira) e me embrenhei nas ruas e ruelas da velha cidade.
À saída da estação, ergue-se monumentalmente a velha catedral diante de nós. De proporções titânicas, as torres retorcem-se aparentemente até ao céu e o detalhe das facadas é simplesmente avassalador. As estreitas ruas antigas são pedestres e estão lotadas de comércio. Pessoas, já há poucas a esta hora. Dou uma longa volta e regresso à estação, já sob o breu da noite amena.
Estagno-me no hall principal a fintar o enorme placard electrónico onde anunciam as partidas.
Entre muitas, destaca-se (para mim) a do comboio 347, conhecido por Jan Kiepura, cujo destino anunciado no placard é Copenhaga, mas que eu já sei me levará para Varsóvia. Pelo menos a carruagem onde tenciono dormir.
Compro uma sandes de fiambre e vegetais e uma garrafa de 'agua e dirijo-me para o cais. Por volta das 22h25, o Jan Kiepura desliza suavemente pela estação e imobiliza-se à minha frente. Subo a bordo e procuro o meu lugar.
Ao fundo da carruagem, junto a uma das entradas (a que não tomei) fica a cama 25 que me foi designada. O compartimento mede talvez uns 10m3. Sim, é importante notar o seu volume, pois aqui os passageiros dormem em altura. O meu, é o 2º esquerdo.
No rés-de-chão viaja uma babushka com duas meninas pequenas, no 2º direito uma jovem simpática que arranha um bocadinho de inglês. Ambos os "apartamentos" do 1º andar estão (ainda) desocupados. À excepção vocês sabem de quem, os restantes "condóminos" são todos polacos.
Viajar num espaço tão apertado com 4 mulheres não é fácil. Primeiro porque, apesar do comunitarismo, é sempre necessário proporcionar alguma privacidade. Segundo, porque num espaço tão exíguo e a "viver" tão "alto", as minhas dimensões tornavam-se hercúleas e não era com facilidade que ascendia ao 2º andar!
Esperei que todas se deitassem antes de começar as minhas macacadas pelo pequeno escadote acima.
Pela janela, o horizonte desfilava monotonamente. O ritmo relativamente lento, mas constante, das pancadas secas à passagem pelas juntas de dilatação dos carris, marcava a cadencia pela qual havia que afinar o relógio biológico. Aquele ruído - primeiro - incómodo, é depois o compasso que define os dias a caminho do oriente. E, quando nos sincronizamos com ele, tudo o resto se dilue na extensa linha diante de nós... e é nesse preciso momento, nessa fracção de segundo, que sentimos aquela descarga de liberdade que nos faz ter a certeza que estamos vivos. E que estamos bem!
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quarta-feira, julho 16, 2008
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4 comentários:
Parece que esse pc continua super lotado :-)
Abraco,
Joe
Olha lá vadio supremo, tu não queres que eu vá daqui colorindo os teus textos com algumas das fotos que vais uplando no smug?? É que tens com cada preciosidade nas galerias.... ficava mesmo bem :)
se quiseres manda as coordenadas
continua a guiar-nos até ao sol nascente
abrs
Miguel,
Vai escrevendo que eu vou bebendo alguma sanidade daquilo que tu escreves!
Muito obrigado,
C.
Mas que surpresa tão agradável! :D
Miguel, desejo-te uma excelente viagem! E podes ter a certeza que vou acompanhá-la com muita atenção.
Um grande abraço, e tudo a correr pelo melhor.
Bernas
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