De energia redobrada, enfio-me no metro e sigo até à Yaroslavskiy, a principal estação ferroviária que serve as partidas para leste. Quero avaliar a disponibilidade e os preços dos bilhetes para Irkutsk, na Sibéria, junto do lago Baikal.
Não é fácil. As velhas funcionarias não falam inglês mas lá nos conseguimos entender por gestos e rabiscos numa folha de papel. Para amanhã, só já há bilhetes para o #10 - o famoso Baikal, o mais confortável comboio entre Moscovo e Irkutsk - em Kupe( 2a classe - compartimento fechado - 4 camas) ou platskartny (3a classe - camarata com dezenas de camas) no #350. O segundo custa menos de metade mas não tem serviços e, sem portas ou compartimentos, pode ser complicado abandonar a bagagem. São 4 noites a bordo e não quero andar preocupado com bagagens.
Os bilhetes são consideravelmente mais baratos quando comprados com semanas de antecedência, que é o que a esmagadora maioria dos estrangeiros faz, recorrendo a agências especializadas. Eu não posso - nem quero - dar-me ao luxo de tão apurado planeamento... valorizo a liberdade de poder alterar o meu itinerário, ou poder ficar mais ou menos tempo algures, se assim o entender. Gosto de ir improvisando, mas isso tem também um custo. Decido pagar o preço do improviso. Vou no "Baikal".
Não aceitam plástico na estação e decido voltar mais tarde, depois de trocar dinheiro.
Desço novamente a Kitay-Gorod. Regresso à hostel e solicito que me registem o visto. Afinal fico mais de 72h em Moscovo e, como tal, alguém tem de me registar junto das entidades oficiais.
Daqui sigo a pé até junto do Kremlin. O primeiro vislumbre das muralhas impressiona. São sólidas e imponentes. Depois vejo a torre Spasskaya.

Atravesso calmamente a praça. O Lenine hoje não está para receber visitas. Passo toda a tarde junto do Kremlin e da praça vermelha, a admirar os edifícios e as pessoas.


Apesar de ser um dia de semana, as ruas estão cheias de famílias russas que se passeiam e divertem sob um sol radiante. Está calor e, onde há água, há vida! Centenas de pessoas concentram-se junto das fontes e lagos artificiais, para se refrescarem um pouco.

Por volta das 19h regresso ao hostel. Quase simultaneamente chega o Luciano e o Rafael, também um brasileiro de São Paulo, a viver em Dublin. Os galegos chegam minutos depois.
Já temos planos. Vamos à Yaroslavskiy comprar os bilhetes (o Luciano vai para São Peterburgo) e depois vamos à caca das "7 irmãs", os arranha-céus de Estaline.
Nos arredores de Yaroslavskiy procuro um cambista e compro rublos. Na estação, trato do bilhete para o #10, o "Baikal": vagão 2, cama 37. Vale 4 noites de viagem até Irkutsk, junto às margens do mítico Lago Baikal. A funcionária rende-se aos meus esforços para comunicar em russo. Deixa a indiferença inicial e encarrega-se de me explicar todos os detalhes calmamente - embora em russo - com um sorriso afável nos lábios. O Luciano também já está servido. O Rafael tem quase o mesmo itinerário que eu, embora num timing diferente, mas já comprou os bilhetes há varias semanas (através das tais agências). Vamos às irmãs...


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1 comentário:
Tb recomendo os Mu-Mu moscovitas! Bastante acesíveis e a comida muito boa, mesmo a más horas. Só as sobremesas já davam um bom repasto!
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