terça-feira, julho 29, 2008

Olkhon

Acordo cedo. O Sol ergue-se preguiçosamente por detrás da nebulosidade espessa.
Por momentos pergunto-me se a chuva irá surgir e tentar comprometer o plano do dia: caminhar.
Relembro as palavras do Evren: «em Olkhon nunca chove!». Curiosamente, é quase verdade! Em Olkhon, chove muito pouco. Os valores anuais de precipitação são comparáveis a climas semi-desérticos, como o sul de Marrocos ou o Sahel no norte de África. Contudo nada nesta paisagem, verdejante e húmida, lembra tais locais.

A Kate ainda dorme. A esta hora da manhã, não se vê vivalma nas ruas de Khuzhir. Tanto melhor assim, ainda não começou o frenesim turístico.
Saio sozinho e dirijo-me calmamente para o cabo Burkhan. Conhecido também como rochedo Shaman(Xamã), este é um dos locais mais sagrados de toda a Ásia, venerado deste tempos imemoriais pelo Xamanismo como a residência do mais forte dos deuses celestiais (tengiies). Por isso, parece-me um bom local para se estar só.

Desço o promontório até às águas calmas do lago, sobre uma pequena praia de minúsculas pedras roliças. As poucas árvores, agora falecidas, estão adornadas com centenas de fitas coloridas, um dos elementos da prática do Xamanismo ainda bem viva. Pego na garrafa e encho-a pela primeira vez no lago. É fresca e incrivelmente cristalina. O sabor... enfim, nunca bebi uma água que me soubesse tão bem.
Sento-me num tronco à beira da água e demoro-me em pensamentos. Quanto vale um minuto destes?

O Sol rompe promissor por entre as nuvens altas, criando uma cortina de luz sobre a extensa praia a nordeste do cabo. É para lá que seguirei.
Regresso aos aposentos e a Kate já acordou. Tomamos calmamente o pequeno almoço, no Nikita's, e começamos a nossa jornada ao longo da costa.


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