quarta-feira, julho 16, 2008

A caminho de Varsóvia

Seriam umas 19h30 quando cheguei a Colónia, ainda sob um belo sol de Verão. A estação central fica, justamente, no centro da cidade e foi num piscar de olhos que deixei o grosso da bagagem num cofre automático (inevitavelmente, la deixei também o grosso dos 5 euros que tinha na carteira) e me embrenhei nas ruas e ruelas da velha cidade.
À saída da estação, ergue-se monumentalmente a velha catedral diante de nós. De proporções titânicas, as torres retorcem-se aparentemente até ao céu e o detalhe das facadas é simplesmente avassalador. As estreitas ruas antigas são pedestres e estão lotadas de comércio. Pessoas, já há poucas a esta hora. Dou uma longa volta e regresso à estação, já sob o breu da noite amena.

Estagno-me no hall principal a fintar o enorme placard electrónico onde anunciam as partidas.

Entre muitas, destaca-se (para mim) a do comboio 347, conhecido por Jan Kiepura, cujo destino anunciado no placard é Copenhaga, mas que eu já sei me levará para Varsóvia. Pelo menos a carruagem onde tenciono dormir.

Compro uma sandes de fiambre e vegetais e uma garrafa de 'agua e dirijo-me para o cais. Por volta das 22h25, o Jan Kiepura desliza suavemente pela estação e imobiliza-se à minha frente. Subo a bordo e procuro o meu lugar.
Ao fundo da carruagem, junto a uma das entradas (a que não tomei) fica a cama 25 que me foi designada. O compartimento mede talvez uns 10m3. Sim, é importante notar o seu volume, pois aqui os passageiros dormem em altura. O meu, é o 2º esquerdo.
No rés-de-chão viaja uma babushka com duas meninas pequenas, no 2º direito uma jovem simpática que arranha um bocadinho de inglês. Ambos os "apartamentos" do 1º andar estão (ainda) desocupados. À excepção vocês sabem de quem, os restantes "condóminos" são todos polacos.

Viajar num espaço tão apertado com 4 mulheres não é fácil. Primeiro porque, apesar do comunitarismo, é sempre necessário proporcionar alguma privacidade. Segundo, porque num espaço tão exíguo e a "viver" tão "alto", as minhas dimensões tornavam-se hercúleas e não era com facilidade que ascendia ao 2º andar!
Esperei que todas se deitassem antes de começar as minhas macacadas pelo pequeno escadote acima.
Pela janela, o horizonte desfilava monotonamente. O ritmo relativamente lento, mas constante, das pancadas secas à passagem pelas juntas de dilatação dos carris, marcava a cadencia pela qual havia que afinar o relógio biológico. Aquele ruído - primeiro - incómodo, é depois o compasso que define os dias a caminho do oriente. E, quando nos sincronizamos com ele, tudo o resto se dilue na extensa linha diante de nós... e é nesse preciso momento, nessa fracção de segundo, que sentimos aquela descarga de liberdade que nos faz ter a certeza que estamos vivos. E que estamos bem!

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4 comentários:

Anónimo disse...

Parece que esse pc continua super lotado :-)

Abraco,

Joe

Anónimo disse...

Olha lá vadio supremo, tu não queres que eu vá daqui colorindo os teus textos com algumas das fotos que vais uplando no smug?? É que tens com cada preciosidade nas galerias.... ficava mesmo bem :)

se quiseres manda as coordenadas

continua a guiar-nos até ao sol nascente

abrs

Anónimo disse...

Miguel,

Vai escrevendo que eu vou bebendo alguma sanidade daquilo que tu escreves!

Muito obrigado,

C.

Anónimo disse...

Mas que surpresa tão agradável! :D

Miguel, desejo-te uma excelente viagem! E podes ter a certeza que vou acompanhá-la com muita atenção.

Um grande abraço, e tudo a correr pelo melhor.

Bernas