Sob a terna envolvência de duas elevações do jbel Yerene, velada pela magnitude titânica do jbel Mezgout, repousava a efémere e insignificante presença de cinco seres humanos e seus estranhos artefactos. Uma visão sublime que jamais poderemos fielmente retratar.

Arrumámos o material e iniciámos a jornada já por volta das 9:00.
Tentámos seguir os vestígios duma pista através das encostas do jbel Yerene mas, como se verificou, estava à muito abandonada e grande parte já tinha desaparecido.

Após cerca de uma hora a progredir suavemente sobre piso de cascalho, avistámos uma pista que fletia na direcção desejada e abandonámos o oued. Seguímos ao longo de um amplo desfiladeiro até alcançarmos uma planície imensa que nos permitiu rolar a bom ritmo.

Aproximei-me do oued e atravessei-o. Com cerca de 40 metros de largura, mas pouco profundo, de àguas cristalinas e fundo pedregoso. Junto de nós afunilava junto dum pequeno degrau erodido no solo que, ao aumentar consideravelmente a corrente e velocidade das àguas, criava uma espécie de rápido.

Por fim, o Tiago mandou-se às àguas. Quando estava quase a chegar à outra margem, a traseira da moto fugiu num pequeno slide e parou. "A corrente!" - exclamou. Acorri em seu auxílio e empurrámos a moto para a margem do oued.
Por contacto nalgum calhau a corrente tinha saltado da cremalheira e, cedendo à força com que se enrolou em torno do pinhão de ataque, partiu-se.
"Bem, já que não saimos daqui tão cedo, aproveito para tomar um banho!" - oportunidades destas são raras!
Enquanto o Tiago tratava de solucionar o problema, fomos todos tomando banho.

Entretanto almoçámos. Eu optei por pão com paté e uma laranja.
Após mais de três horas de trabalho, o problema estava finalmente resolvido. Foi então a vez do Tiago tomar banho e comer.
Passavam das 16:00 quando retomámos a pista e continuámos a progredir para Sudeste, ao longo de pistas fáceis sobre a planície. Estávamos prestes a iniciar a etapa-maratona que nos levaria através do Plateau du Rekkam e necessitávamos de reabastecer de combustível e mantimentos.
Chegámos ao asfalto entre Guercif e Taourirt e interrompemos a rota. Tentámos mas, à falta de alternativas por pista, lá prosseguimos por asfalto para Taourirt.
Reabastecemos as motos, atestámos os jerricans, comprámos àgua e pão. Aproveitámos e lanchámos numa pastelaria muito bem arranjada. Bebemos chá e orientei-me com um crèpe avec mel. Luxos, a que devemos sempre dar o devido valor. ;)
Por volta das 18:45 deixámos Taourirt preparados para, no mínimo, 450Km de autonomia. Regressámos rapidamente ao local onde tínhamos abandonado a pista anteriormente e retomámos a nossa rota.

Pouco antes do asfalto entre Taourirt e Debdou, nas proximidades da localidade de Ersaf, localizámos um baixio junto a uns terrenos de cultivo, à beira do gasóduto, que se prestava perfeitamente ao que pretendíamos.

A jornada, apesar de curta devido às quatro horas de paragem forçada, tinha sido suficientemente rentável e estávamos já praticamente "às portas" do Plateau de Rekkam.
Não demorámos muito a recolher aos aposentos para mais uma merecida noite de decanso. Amanhã, vamos andar muuuuito bem! :)
Percurso do dia
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