sábado, abril 15, 2006

Dia 2: De Paymogo a Martil

Terei, num sono profundo, sonhado que estava semi-consciente ou teria passado a noite num estado absurdo de semi-consciência? Não sei... as poucas horas que intermediaram a lucidez foram suficientes para acelerar o nascer do sol.
Eram cerca das 7:00 TEP(Tempo Em Portugal - o relógio "expedicionário" marca sempre a hora portuguesa) e já andava às voltas para tomar o pequeno-almoço no café do Hostel. Finalmente, lá abriram o tasco e acabei com o jejum.
Aos poucos, lá foram aparecendo os restantes companheiros e calmamente preparámos a partida.
O sol irradiava da sua energia em abundância, o que permitia não só encarar com optimismo a jornada como também aproveitar a pausa para secar a roupa enxarcada da noite anterior.
Por volta das 9:30 lá deixámos Paymogo, em direcção a sul, rumo a Algeciras.
Após alcançarmos a autovia perto de Huelva e de a percorrermos até Sevilha, continuámos para Jerez.
Retomámos a carretera nacional a meio caminho e, à passagem por El Cuervo, uma viatura de matrícula portuguesa buzinava entusiasticamente à nossa passagem. Parámos nos semáforos e o Alex comentou comigo: "Aquele carro tem um autocolante dos Nomad's!" - Achámos, simplesmente, curioso... mas nada mais.
Pouco depois, já fora da localidade, estava novamente atrás de nós a buzinar a acenar! Ultrapassou-nos e ligou os 4 piscas... "Bem, o tipo curtiu mesmo a nossa onda!" - pensei.
Abrandou na berma e o Quim, à frente da coluna, ultrapassou sem sequer pestanejar! Só quando passei junto ao carro é que me apercebi do aficionado condutor: era o Nuno, o irmão do Tiago! Lá encostámos finalmente...
Já passava da hora de almoço e decidimos ir petiscar ao Romerijo, em Puerto de Santa Maria, para debicar o belo peixe frito. Acabámos à volta duma mista de peixe, lulas e choco, no jardim, junto à margem do rio Guadalete.

Depois do repasto, despedímo-nos do Nuno e da sua esposa e partimos para Algeciras.
Os quilómetros voaram e África estava cada vez mais perto.
Chegámos a Algeciras em boa hora. O barco saía às 19:00. Tínhamos uma hora disponível, tempo suficiente para comprar passagens e dirhams.

Já a bordo, acautelámos os vícios (tabaco para uns, "xarope" para outros :) ) e ultimámos os detalhes do percurso que enfrentaríamos nos próximos dias.
Para já iríamos jantar e dormir nos arredores de Tétouan.

África revela-se serenamente por entre a bruma do estreito. À chegada a Ceuta, o tempo estava ameno e agradável e os raios de sol inundavam o enclave. Após abastecermos as montadas, prosseguimos para as formalidades fronteiriças.
Sem dificuldade, desenbaráçamo-nos da burocracia alfandegária... até que os funcionários marroquinos deram pela falta de uma tal declaração. A moto do filho do Quim :) corria o risco de não passar de Ceuta!...
De alguma forma, o Quim lá mostrou os seus galões e o chefe da alfândega teve de puxar do carimbo! :)

A caminho de Tétouan, parámos para jantar em El Meliallyne. O Quim levou-nos a uma tasca já sua conhecida e o peixe frito que nos prepararam tinha tal calibre que envergonhava muitos "romerijo" por essa Europa fora... e custou uma pequena fracção do preço.
Nos arredores de Tétouan, dificilmente conseguiríamos acampar despercebidos. Assim, após o jantar, o nosso guia conduziu-nos a uma modesta mas acolhedora pensão na localidade costeira de Martil.
Com as motos guardadas na recepção no rés de chão, lá recolhemos aos quartos para descansar e carregar baterias.
Na manhã seguinte, abandonaríamos o asfalto. Na manhã seguinte, daríamos início à maior odisseia por fora de estrada das nossas vidas, até mais ver...

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