domingo, maio 15, 2005

Dia 11: Pela costa da Riviera

Deixei San Remo para trás já passavam das 9:00. Descontraidamente segui pela marginal ao longo da Cote d'Azur e poucos km depois alcançava o lado francês da Riviera. Primeiro Menton logo seguido pelo Mónaco.
Baía de Menton



Mónaco

Já começo a ficar habituado às agradáveis coíncidencias e este dia também não foi excepção: GP do Mónaco no próximo fim de semana. Posso garantir, por experiência pessoal, que o circo já está práticamente montado e pronto para receber os artistas. Não podia deixar de dar a "voltinha de aquecimento" à pista e só não tirei fotinha à @ na "pole" porque a avenida estava movimentada e a segurança está apertada na zona do circuito!
Túnel no Mónaco

No porto da cidade não cabia mais um bote...os enormes iates e veleiros lotam a marina com suptuosidade. Estava de facto a cirandar num nicho dos mais ricos deste planeta. Com o meu aspecto nomádico não pude deixar de dar nas vistas...terão os "condes" pensado que me teria enganado na rota, a caminho da Etiópia! Não gosto de estar onde não me sinto discreto. Isto nunca será para mim...
Mais alguns kms no principado, entre ruas estreitas ladeadas de enormes chalés, e segui marcha para Nice.
O cenário opulento repete-se interminavelmente ao longo de toda a linha costeira. O calor aperta já por estas paragens e a "alta-sociedade" europeia já enche as ruas e esplanadas desta região.
A progressão era lenta e sinuosa, tal a quantidade de Rolls Royce, ferrari, Bentley, Porche e Lamborguini que congestionavam as marginais. Nestas condições "difíceis" todo o cuidado é pouco! Duas malas laterais de alumínio fazem riscos e qualquer um deles poderia ditar a venda de todos os meus pertences, se chegasse, só para compensar os estragos aos "pobres" lesados...
Passei por Nice com velocidade suficiente para vislumbrar uma "Beverly Hills" europeia. Os hotéis de luxo sucedem-se na linha costeira e os verdadeiros navios de recreio lotam as marinas. Senti, particularmente, pena de um senhor que almoçava no convés de um veleiro com cerca de 16m. Deverá sentir-se inferiorizado por ter o "barquinho" mais pequeno da baía...
Parei numa praia extensa logo à saída de Nice para comer uma sandocha. O areal, se é que assim o posso chamar, é basicamente um "pedregal". Calhaus do tamanho de bolas de ténis compõem a praia onde os muitos turistas absorviam cada raio de sol. Não admira que levem cadeiras para se estender!
Mais alguns kms e cheguei a Cannes. A mundialmente famosa cidade estava ao rubro e ,sem saber, "aterrei" na parada das vedetas. Só me apercebi do evento quando me cruzei com um Bentley onde seguia um tal de Nicolas Cage...
Apanhei a semana do festival a meio e Cannes está completamente infestada de vedetas, fanáticos, paparazzis, turistas e curiosos...
Atravessar a marginal, em frente dos hoteis onde centenas de fans aguardaram as movimentações dos famosos, e com o Palais du Festival apinhado de gente, uma verdadeira loucura.
Palais du Festival em Cannes

Neste pára-arranca, a burra aquecia de forma nunca vista e o calor era já insuportavel. A curiosidade crescia e decidi procurar abrigo nos arredores, tirar as malas da moto e regressar para mergulhar nesta febre cinematográfica.
Herbie

Encontrei um camping decente (leia-se barato) numa zona calma já a 35km a sudoeste de Cannes, perto de St. Raphael. Montei o arraial e regressei a Cannes já perto das 15:30. O cenário tinha piorado consideravelmente. Aproximara-se a hora do desfile das vedetas e um troço da marginal estava condicionado. A fila de trânsito nos acessos atingia kms mas, com a burra mais "magra", era canja circular por entre as filas. Perto do "hot spot" estacionei e segui a multidão a pé.
Boulevard de Cannes



Nos passeios artistas de rua de todos os tipos animavam ainda mais as hostes. Definitivamente, esta cidade está em festa rija! Por todo o lado se respira cinema e "glamour", seja lá o que isso for...
Para um matarruano como eu, toda esta animação era intimidante. Seria um local agradável para juntar um grupo de amigos, mas sozinho intimidava...
Tive ainda tempo para ver passar a senhora Uma Thurner e mais um escurinho conhecido duma seríe policial. Decidi abandonar a zona mais apinhada para comer qualquer coisa e, por sorte, um McDonalds surgiu logo ali na esquina. Digo que foi sorte porque estou na Cote d'Azur! Qualquer sandes num snack-bar mais rasca custa tanto como o menu completo do Mcdonalds...
Comi com vontade e regressei para "casa".
Nao ha adjectivos para caracterizar esta região. Infelizmente, também não há dinheiro para a considerar um destino de férias. É apenas o playground dos abastados e local de passagem (rápida, de preferência) de curiosos.
Amanhã é dia de abandonar a Riviera e seguir para Oeste. O meu Portugal vai ficando cada vez mais perto.

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