sexta-feira, março 31, 2006

Dia 1: De Lisboa a Valle de Carrasco

Tinha mais de 270Km pela frente até ao local de encontro, nos arredores de Valle de Carrasco. Queria sair cedo, para chegar cedo. Queria... passavam já das 20:00 quando me consegui sair de Lisboa.
Serenamente, dirigi-me para Barrancos, última localidade portuguesa antes de entrar na Extremadura. Montijo, Águas de Moura, Alcácer do Sal, Torrão, Alvito, Moura... os kilómetros sucederam-se.
Pelas 23:00 estava já em território estremenho, numa bela estradinha estreita que serpenteava pela encosta da serra.
Estava cansado. Andei toda a semana a dormir pouco e aqueles 200 e muitos kilómetros de escuridão e ruído já pesavam no corpo. Em certos momentos, sentia-me de tal maneira dormente que era como se estivesse anestesiado em cima da moto. Em sobressalto, irrompia do entorpecimento mental que insistentemente me tentava subjugar.
As curvas apertadas sucediam-se a um ritmo constante, quase sempre acompanhadas de gravilha... uma combinação explosiva que exigia atenção redobrada!
Numa curva aparentemente inocente, distraí-me. Entrei rápido... a frente fugiu.
Consegui segurá-la novamente, mas perdi o momento da travagem e ia claramente depressa para a conseguir concretizar. Bloqueei a roda de trás, tentando desfazer a curva em "slide" e apontar a moto na direcção correcta. Foi por uma unha negra... saí ainda de estrada e enfiei-me pela valeta de escoamento, por escassos centímetros esquivei-me da àrvore e acabei por esbarrar contra um degrau de pedra que sobressaía da encosta... apesar do despiste, até correu bem. Não caí. Considerando as possibilidades, podia ter sido muito pior.
Parei um pouco para recuperar do susto. Estava a apenas 10Km do local de pernoita, junto à linha do caminho de ferro e foi com renovada cautela que me dispus a percorrê-los.
Encontrei o grupo em amena cavaqueira junto à linha. Instalei-me sob um imenso céu estrelado e disfrutámos do convívio até às tantas...



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